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Um Espírito em busca de Equilíbrio, Objetivo, Felicidade e Sabedoria.

domingo, 6 de abril de 2014

SentiMente - Parte 2

Acordo...

Meu corpo está inerte enquanto mil alterações divagam através das sinapses de meus neurônios. Meu crânio ainda lateja, enquanto minha visão embaçada distingue um pequeno cômodo, semi-escuro e pobre de mobília, além do brilho de RS-3 próximo a mim. O frio de seus dedos metálicos me saúdam a cada toque em minha cabeça enquanto a envolvem com uma camada sutil de Elastano Epitelial. Mesmo ainda zonzo, não é difícil entender o que houve: o chip falhou; outro Chip Mesclado se foi.

No Painel Holográfico à minha frente apresentando o Relatório de Inatividade consta que estive inativo por 2day:7hrs:13min:28sec:100cent Timeline, com uma média de 38 bpm. A exatidão desses números me assusta... Para quem começou com 9 dias inteiros e uma média de 27 bpm de suspensão, estou demorando cada vez menos para me recuperar dos implantes. Isso não é bom! A percepção de estar me adaptando a essas drogas de implantes e me aproximando do que mais fujo é inaceitável! Se isto continuar, em pouco tempo deixarei de existir e não desejo fazê-lo de nenhuma forma: se não for para existir mantendo minha natureza, antes nem ter nascido...

“Matriz Zero”, todos os seres em estado primordial, cuja Alteração Implantária é inexistente... Parece uma piada de mau gosto que, em uma sociedade tão perfeita como esta ainda existam pessoas incapazes de se adaptar aos implantes; alguém como eu.

As lembranças dos tempos de cobaia nos 16 domos pelos quais estive e vivi estes 13 parcos anos vêm à superfície memorial. Nasci um primordial; meu DNA rejeitou todas as tentativas de implantes químicos e nanotecnológicos.  Em um grupo de 57 recém-nascidos, eu era o único “zerado”, não evoluído. Obviamente que não me lembro de tudo o que já fizeram comigo a não ser pelos dados experimentais arquivados em chips de memórias, aos quais nunca tive acesso, mas sei existirem por comporem a documentação de todo Ciborgan. Porém, o que eu lembro juntamente com a memória Ciborgan de RS-3, as cicatrizes em meu corpo maltratado e a fenda sempre mantida aberta em minha cabeça são suficientes para eu ter certeza de que não desejo essa evolução.

Por que sou assim, tão diferente de todos? E por que eu ainda existo? Conforme RS-3, estas são perguntas sem fundamento lógico, porque todos existem pela razão simples de uma necessidade. Então, se assim o é, qual é a minha? A objetividade pode até ser aceitável, mas não a sua frieza e tal lógica é simples demais para que eu a acate naturalmente...

Em meio a esse devaneio privado, uma explosão luminosa invade o ambiente, fazendo-me ser jogado contra RS-3 que me agarra firmemente enquanto embola no chão, direto à uma parede ótica. Sinto nova dor de cabeça, a mesma de quando me inseriam um novo chip. A única coisa de que tenho tempo de pensar antes de gemer é: “Eles nos acharam!”.

SentiMente - Parte 1

Implantação

2.076...

No céu, imagens de diversas propagandas mesclando-se em um caleidoscópio de bits entrelaçados. Arranha-céus com linhas invisíveis conectando informações aleatórias em velocidade quase incontável; nas avenidas, hologramas edificados em proporções exuberantes de um trânsito caoticamente arrumado em linhas coloridamente luminosas; nas calçadas, projetos humanos perambulando, atravessando-se mutuamente, sem nenhuma preocupação aparente. A cidade em sua face seca e fugaz, de ciborgues com desconhecidas origens e destinos. De “carne”, pouco se vê e raramente se toca. O mundo é mais quadrado que redondo, em que chips de todos os tamanhos e funções produzem a existência atual. Aquilo que se pensava impossível para alguns, tornou-se realidade: a Emoção cedeu lugar à Razão em uma porcentagem inacreditavelmente desumana – 90% de Metais, Plásticos, Fibras Óticas, Carbono e tantos outros elementos e materiais.

Afora o calor gerado pela transmissão energética produzida pelas superfícies eletrônicas compositoras do ambiente artificial ao redor, tudo é muito frio. Frio este que se torna ainda pior devido aos inúmeros pontos de escapamento da massa de aquecimento para o exterior do “Domo Residencial”, tornando o lado externo do domo uma ilusão. Apenas os sentidos antes “naturais” acessam o que hoje é denominado de “mundo perfeito”. Não há mais contatocarnal de nenhuma natureza... Como disse, algo impensável há poucos anos atrás... O que as tão conservadoras e mesmo inovadoras religiões e filosofias pregavam até o início do século, foi derrubado por um único evento ocorrido em 2.015, o ironicamente denominado “Movimento Implantário”, plagiando a própria História da Humanidade.

Seu objetivo foi extrapolar o que a evolução tanto almejava: sua perfeição! Não houve resistência duradoura para isto, afinal, a Tecnologia foi a criação mais efetiva e bem usada pelos antigos humanos, os quais, apesar de, e principalmente por temerem sua extinção, chegaram a este ponto. O conceito “ciborgue” tornou-se mais que uma simples realidade – alcançou a única existência. Daí o nome “Ciborgan”, amálgama elevado de um reles humano ao que hoje rege a existência. É fato compreensível que, em meio a toda essa mudança, o primordial da sociedade humana e uma quantidade significativa desta pereceu. Porém, uma coisa é inegável: a simplicidade da visão de mundo linear é tanta que a manutenção da ordem é um avanço incontestável conquistado pelos Implantários.

Em meio à lembrança desta realidade, vem aquilo que conheci no “Domo Inferior”, de onde fui retirado por Ciborgan RS-3, como “dor” e minha visão embaralha ainda mais as aleatoriedades ao meu redor. Balanço minha cabeça, porém a dor só piora... Apoio-me no metal frio do braço direito RS-3 enquanto meus pés se confundem e impedem meu equilíbrio. RS-3 me apoia, enquanto me sinto pesado e tudo escurece.

Inicia-se uma nova fase...

Todos sabem - ou não, sei lá! xD - que sempre pretendi escrever, ser escritora profissional. Ainda não cheguei lá, por vários motivos que só cabem a mim ter consciência e mudar, até porque a maior responsabilidade é minha, mesmo quando deixei de fazer algo por opiniões alheias que só me colocavam pra baixo e mesmo sabendo que todos precisam de incentivo, principalmente no mundo de hoje, super-competitivo e repleto de valores quantitativos e não qualitativos... É muito fácil ser "eleito/a" o rei/rainha de algo quando se tem números ao redor... ¬¬
Talvez até essa minha visão "extremista" de achar que a gente só deve dar aval àquilo que realmente nos é interessante/importante seja uma falha minha, mas isso ainda é minha natureza, apesar de a estar mudando aos poucos...

Porém, tirando minha louca visão e mania de monólogo de lado (essa foi ótima, admita! xD), venho apresentar uma novidade aqui no blog. Fui chamada para um projeto bem legal que iniciou mês passado e o qual refere-se à escrita. O nome é MONOBA e cá está sua página oficial: http://monoba.blogspot.com.br/.
Dentro dele, estou "competindo" (mais comigo mesmo do que com qualquer um! xDDD) com a história "SentiMente", a qual começarei a postar aqui também, enquanto durar as 25 semanas do MONOBA.
Como ainda é um projeto, depois da 25ª semana é que saberemos se a batalha continuará ou não, todavia espero que ela continue, pois foi uma forma bem instigante de eu escrever continuamente. ^^
Agradeço à Mid Misha por me ter convidado para este projeto e pode ter certeza de que farei meu possível para que ele dê certo e seja "eterno". Vlw, Mid! ~.^
Apresentado o projeto, sinta-se convidado/a a ler as histórias lá presentes e a acompanhar "SentiMente" semanalmente também, é claro! *___*
Vamos nessa! o/

Life change...

Mudança de Vida...
Quem não passa por isso? ^^
A gente nasce já tendo de se acostumar a vários ambientes distintos, sempre tendo de se adaptar, a aprender coisas, lidar com novas situações.
A gente nunca deixa de aprender; o que muda é o fato de já termos nos acostumado com certas situações - o que chamamos de hábito - que parece tudo tão rotineiro ao ponto de não haver mais novidades por aí, a serem experienciadas e absorvidas.
Engana-se quem pensa que a vida acabou por estar com idade avançada e que ela só existe pra quem é jovem. O que diferencia as pessoas é exclusivamente a sua vontade de visão... Sim, vontade de aprender sempre ou achar que já sabe. E isso está associado ao Ego, bem assim como com a Sociedade.
Se você acha que todo jovem é irresponsável ou que todo idoso é rabugento é porque tem uma mentalidade tão "limitada" que não consegue aceitar outra visão. Isso mesmo: VISÃO!  E não é visão de olhar, mas visão de sentir e aprender com o novo que sempre existe ao redor. É ser aberto em seu pensamento e sua aceitação do mundo. Todos têm o direito de serem limitados - pois todos o somos! - mas também temos a responsabilidade de seguirmos nossa natureza ilimitada para encontrar Vida e continuar nossa caminhada responsável pelo mundo Material, até retornarmos ao Imaterial de forma completa.
É difícil entender e fazer isso? Pode ser, mas só precisa de vontade e esforço pra conseguir tudo.